Transplante

O que é?

O transplante de rim é um procedimento através do qual se coloca em seu corpo um rim saudável vindo de outra pessoa. Este novo e único rim deve substituir totalmente os dois rins que pararam de funcionar.  

Transplante é cura?  
É um tratamento que pode prolongar a vida com melhor qualidade. O transplantado exige cuidado médico constante e usa uma série de medicamentos pelo resto da vida. É uma forma de substituir um problema de saúde incontrolável por outro sob o qual se tem controle.

Quando é indicado um transplante?

Os transplantes apenas são indicados quando todas as outras terapias foram consideradas ou excluídas. Nesses casos, em geral, os transplantes constituem-se na única alternativa de sobrevivência e/ou de melhoria da qualidade de vida. 

Quais são a chance de sucesso com os transplantes?

É alta. Mas muita coisa depende de particularidades pessoais, o que não permite uma resposta genérica. Existe no Brasil pessoas que fizeram transplante de Rim, por exemplo, há mais de 25 anos, tiveram filhos e levam uma vida ativa normal.   

Como sei se um familiar ou amigo podem doar para mim?

Se você precisa de um Rim, medula ou parte do Fígado, um familiar ou amigo podem ser doadores. Eles devem ser submetidos a uma bateria de exames de compatibilidade, sempre sob a orientação de médicos, para determinar esta possibilidade.

Quais são os riscos para um familiar ou amigo se eles doam?

Não é possível avaliar este risco da mesma forma como não era possível avaliar a possibilidade de você tornar-se um candidato a um transplante, quando a sua saúde era perfeita.

Como sou colocado em uma lista de espera?

Após ser avaliado se os demais órgãos não estão comprometidos, se tem condições psicológicas de, após o transplante, seguir estritamente as recomendações médicas pelo resto da vida. Você estará recebendo um órgão que é um presente de vida.

Como funciona o transplante de rim?

Na cirurgia de transplante renal, o cirurgião coloca o novo rim dentro do seu abdômen e conecta a artéria e a veia do novo rim a uma artéria e veia do seu corpo. O sangue flui através do novo rim e provoca a formação de urina, da mesma maneira que os seus rins faziam quando estavam saudáveis. O novo rim poderá começar a funcionar imediatamente ou demorar algumas semanas para começar a produzir urina. Geralmente, os rins antigos são deixados em seu lugar a menos que estejam causando infecção ou pressão arterial alta, quando então devem ser retirados.

Como funciona o sistema de captação de órgãos?

Se existe um doador em potencial (vítima de acidente com traumatismo craniano, derrame cerebral, etc..) a função vital dos órgãos deve ser mantida. É realizado o diagnóstico de morte encefálica. Seguem-se então as seguinte ações: (1) Hospital notifica a Central de Transplantes sobre um paciente com morte encefálica (potencial doador); (2) Central de Transplantes repassa a notificação para uma OPO (Organização de Procura de Órgão) (3) A OPO entra em contato com o Hospital e viabiliza o doador; (4) A OPO informa a Central de Transplantes se o doador é viável; (4) A Central de Transplantes emite a lista de receptores e encaminha para o Laboratório de Imunogenética (apenas para o caso de Rins); (5) O Laboratório de Imunogenética realiza "crossmatch" e informa para a Central de Transplantes. (6) A Central de Transplantes emite uma lista definitiva dos potenciais receptores para cada órgão, (7) A Central de Transplantes aplica critérios de seleção se existe mais de um receptor compatível para o doador (8) A Central de Transplantes informa as Equipes de Transplante.

Quem pode doar um rim?

O novo rim pode ser doado por um membro da família, ou seja, por um doador vivo com laços de parentesco, por exemplo, pai, mãe, irmão ou filho. Ou pode ser doado por uma pessoa recém falecida, ou seja, um doador cadáver. Algumas vezes, o doador é o esposo ou esposa, ou sela, um doador vivo sem laços de parentesco.

É muito importante que o sangue e os tecidos do doador sejam bastante parecidos com os seus (do mesmo tipo que os seus). Esta semelhança evita que o sistema de defesa do seu corpo combata ou estranhe o novo rim. Para determinar se o seu corpo aceitará o novo rim, são feitos no laboratório alguns exames especiais das células do sangue.doador sejam bastante parecidos com os seus (do mesmo tipo que os seus). Esta semelhança evita que o sistema de defesa do seu corpo combata ou estranhe o novo rim. Para determinar se o seu corpo aceitará o novo rim, são feitos no laboratório alguns exames especiais das células do sangue. 

O que é considerado na escolha do receptor de um transplante?

Os médicos, o candidato e sua família levam em conta os aspectos: a) todas as terapias foram consideradas? b) o paciente não sobreviverá sem o transplante?; c) o candidato não tem outros problemas, inclusive psicológicos, que inviabilizem o transplante? O candidato tem condições para assumir um estilo de vida que inclui o uso contínuo de medicamentos e freqüentes exames laboratoriais e hospitalares após o transplante?

Que critérios de compatibilidade entre doador e receptor são considerados?

compatibilidade sangüínea; histocompatibilidade (de tecidos); peso e tamanho do órgão. Se existe mais de um paciente com o mesmo perfil para receber o órgão, será escolhido aquele em estado mais grave. Este poderá ser (ou não) um seu familiar.

Qual o risco dos transplantes?

Existe os riscos inerentes a uma cirurgia de grande porte em si. Após o transplante, o principal problema é a REJEIÇÃO. Para prevenir este efeito a pessoa usa medicamentos que debilitam o sistema imunológico. Por esta razão, estão mais sujeitos a infecções e a outras doenças "oportunistas".

O que significa rejeição?

As células do nosso sistema imunológico percorrem cada parte de nosso corpo procurando e conferindo se algo difere do que elas estão acostumadas a encontrar. Estas células identificam um órgão transplantado como sendo algo diferente do resto do corpo e ameaçam destruí-lo. Isso é rejeição.

Não existe controle para a rejeição?

Existe. Em 1983, a barreira da REJEIÇÃO foi parcialmente superada com o advento de uma poderosa droga - a Ciclosporina – que, combinada com outras, inibe as células do sistema imunológico na sua tentativa de destruir o órgão transplantado.

Ocorre rejeição em todos os transplantes?

A rejeição ocorre na maioria dos transplantes. Quanto maior o grau de compatibilidade entre doador e receptor mais fácil o controle. Devem ser do mesmo tipo sangüíneo. Em alguns casos devem ter, ainda, a maior semelhança possível em relação aos tecidos.

O que acontece se após o transplante ocorrer rejeição?

No caso do rim, o paciente retorna para o tratamento de diálise e entra novamente na lista de espera para um novo transplante. Se o órgão implantado for coração, pulmão ou fígado, um novo transplante tem que ser feito imediatamente, sem o que ocorre a morte.

O que é compatibilidade sangüínea?

(1) Doador e receptor devem ser compatíveis com respeito ao tipo de sangue. Existe quatro tipos básicos de sangue em um sistema de classificação conhecido com Sistema ABO. Na ordem de freqüência de ocorrência na população, do mais comum ao mais raro são: O, A, B, e AB.
(2) O tipo de sangue de um indivíduo é determinado geneticamente pelos "alelos" herdados dos pais. Alelos são formas possíveis de um gene, que ocupa determinado lócus no cromossomo. No caso do tipo sangüíneo existe três alelos: A, B e O os quais permitem seis combinações;
3) A e B são alelos codominantes e o tipo O é chamado de recessivo. Para que o tipo recessivo se expresse em um indivíduo ele tem que herdar os dois alelos dos pais. Em outras palavras, para ser do grupo sangüíneo O ele tem que herdar um alelo O do pai e um alelo O da mãe;
4) Indivíduos que herdam um alelo A de um dos pais e outro O é do tipo A; os que herdam um alelo B e outro O são do tipo B; se herdam um alelo A e outro B, são do tipo AB. Para que se seja do tipo O tem que herdar os dois alelos O, um do pai e outro da mãe;
5) A ocorrência percentual aproximada dos tipos sangüíneos na população brasileira é a seguinte: 49% do tipo O, 25% do tipo A; 22% do tipo B e 4% do tipo AB

O que é histocompatibilidade?

(1) Em alguns transplantes, como o de rim, o doador e o receptor, além de serem compatíveis para o sistema ABO, ou seja, para o grupo sangüíneo, deve ser também compatíveis em termos de tecidos, isto é histocompatíveis;
(2) A medida da histocompatibilidade é expressa em termos da Compatibilidade HLA (abreviatura da expressão inglesa "Human Leukocyte Antigens ou Antígeno Leucocitário Humano. Por sua vez, Antígeno é qualquer substância capaz de provocar a formação de Anticorpos;
(3) Anticorpos e são substâncias (gamaglobolina) formadas como resposta a um estímulo imunogênico e capaz de interagir com Antígenos que promoveu a sua síntese ou com outro relacionado com ele;
(4) Quando duas pessoas compartilham os mesmos antígenos do sistema HLA elas são compatíveis, isto é, os seus tecidos são imunologicamente compatíveis. Existem três grupos de HLA: HLA-A, HLA-B e HLA-DR. Para cada um dos grupos existe vários tipos;
(5) O HLA é herdado "em conjunto" de 3 grupos de HLA: A, B, DR. Estes grupos são conhecidos como haplotipos. Cada indivíduo tem dois haplotipos de HLA distintos. Os filhos de dois indivíduos quaisquer da população herdam um haplotipo do pai e outro haplotipo da mãe; (6) Cada indivíduo tem 25% de chance de herdar 2 haplotipos iguais aos de um irmão; 25% de nenhum dos haplotipos dos seus irmãos e 50% de chance de compartilhar pelo menos um haplotipo com seus irmãos. Logo, cada indivíduo tem uma chance em quatro (25%) ter um irmão compatível. Portanto, cada indivíduo tem uma em quatro chances de ser HLA idêntico com um dos irmãos;
(7) Entre não irmãos, a chance de encontrar-se dois indivíduos histocompatíveis varia entre 1 para cada 10000 e 1 para cada 100000.

O que é Crossmatch?

(1) Após a "tipagem" HLA do receptor e doador, existe ainda um teste, chamado "CROSSMATCH para determinar se o receptor tem anticorpos contra o potencial doador. Se o receptor tem anticorpos específicos para o HLA do doador, o órgão transplantado será rejeitado;
(2) No teste de crossmatch, uma porção de soro do receptor é misturado com uma parte de glóbulos brancos do doador. Se o receptor tiver anticorpos específicos para o HLA do doador as células do doador morrem. Neste caso o

crossmatch é positivo. Existe, portanto, contra-indicação do transplante;
(3) Então, se você tem um familiar esperando transplante e aparece um doador torça para que dê CROSSMATCH NEGATIVO.

O que é PRA?

(1) As pessoas em uma lista de espera por um transplante são submetidas pelo menos a cada seis meses, a uma tipagem de HLA denominada de PRA (Percentagem de Anticorpos Reativos). O PRA representa a quantidade de anticorpos contra HLA presentes no soro do candidato a transplante;
(2) O PRA é determinado reagindo-se o soro do candidato em um painel de 60 tipos diferentes de HLA. Se o soro do candidato matar 30 células de um painel de 60, o PRA é de 50. Se uma pessoa está na lista de espera e, por acaso, não está com o PRA em dia quando surge um doador ela é preterida.

Quanto tempo demora a operação de transplante?

A operação demora de 3 a 6 horas. O tempo de internação geralmente dura de 10 a 14 dias. O acompanhamento das funções do seu novo rim e de suas condições de saúde deve ser feito regularmente em consultas médicas. Quando o doador é um parente, ele permanecerá no hospital durante uma semana ou menos. Ao voltar para casa, seu doador poderá viver normalmente pois um rim tem capacidade de fazer toda a filtragem necessária.

Quais complicações podem acontecer?

Sempre existe a possibilidade de seu corpo estranhar o novo rim e tentar rejeitá-lo, mesmo que seus exames mostrem que seu sangue é muito parecido com o sangue do doador. Em geral, os transplantes de parentes vivos funcionam melhor que os transplantes de doadores cadáveres, pois é maior a semelhança entre o doador vivo e o paciente. Medicamentos chamados imunossupressores deverão ser prescritos por seu médico para ajudá-lo e evitar a rejeição. Estes medicamentos deverão ser tomados todos os dias durante o resto da sua vida. Alguns efeitos não desejados podem acontecer com o uso dos imunossupressores, como por exemplo:

Enfraquecimento do sistema de defesa do corpo: Para evitar a rejeição do novo rim, o sistema de defesa é enfraquecido, porém passa a não ter defesas também contra as bactérias, vírus e fungos, que podem causar infecções.

Mudanças no aspecto da pessoa: O rosto poderá ficar mais cheio, a pessoa poderá ganhar peso ou desenvolver espinhas ou pelos no rosto. O uso de cosméticos pode resolver estes problemas.

Problemas como cataratas, queimação no estômago, transtornos nas juntas do quadril, no fígado ou no próprio rim, podem acontecer após o uso prolongado de alguns tipos de medicamentos imunossupressores.  

Algumas vezes, estes medicamentos não conseguem evitar que o corpo rejeite o novo rim e a função deste rim aos poucos estará também terminada. Se isto acontecer, será necessário o retorno para algum tipo de diálise. Um novo transplante poderá ser realizado posteriormente.  

Lembre-se: os medicamentos que impedem a rejeição devem ser tomados todos os dias rigorosamente, por toda a vida.  

Quais são os resultados do transplante?

A atividade do transplante renal iniciou-se na década de 60 e atualmente é um procedimento rotineiro realizado mundialmente. Dependendo do doador (vivo ou cadáver) o rim é aceito pelo paciente (receptor) em 80 a 90% dos casos. Quando isso ocorre, beneficiam-se dois pacientes: o receptor do transplante e outro paciente com uremia que pode ser tratado pela vaga aberta no programa de diálise. 

O que é Morte Cerebral? 

É uma situação em que as funções do cérebro deixam de existir por completo. No passado, a morte do cérebro era seguida da parada da respiração e do coração. Atualmente existem máquinas chamadas de respiradores que podem manter o funcionamento temporário do coração e dos pulmões em pacientes com morte cerebral. Foram esta máquinas que permitiram o desenvolvimento dos transplantes de órgãos. A definição de morte cerebral foi regulamentada em lei pelo Congresso Nacional e segue critérios médicos bastante precisos. Ela deve ser determinada por especialistas sem nenhum envolvimento com a equipe de transplante de órgãos. É antiético o pagamento de taxas hospitalares ou honorários médicos relativos à doação de órgãos de cadáver.